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História da Psicoterapia
História da PsicoterapiaPsicoterapia Para Não Psicólogos
Um breve relato sobre as quatro grandes correntes psicoterápicas, voltado especialmente para Terapeutas Holísticos, com exemplos caricatos que objetivam facilitar o entendimento
Introdução:
Tal qual ocorre na acupuntura e na fitoterapia, por exemplos, onde 99,999% dos livros foram escritos de médicos para médicos, na psicoterapia, 99,99% dos livros foram escritos para psicólogos... O problema de um Terapeuta Holístico seguir esses livros, seus modos de trabalho e suas nomenclaturas é que, fatalmente, acabarão sendo acusados de exercício ilegal de profissão (seja de medicina, de psicologia...).
Tenho me esforçado para desenvolver versões técnicas, éticas e JURIDICAMENTE CORRETAS para a profissão de Terapeuta Holístico. Isso implica em adaptar textos e nomenclaturas para nossas áreas. Na verdade, a maior parte dos textos originais são em alemão e inglês, o que significa que existe muitos SINÔNIMOS que pode ser empregados nas "traduções", produzindo versões em português adequadas ao século 21 e à nossa profissão. Por sinal, as OUTRAS profissões fizeram a mesma coisa... Na Terapia Tradicional Chinesa, os milenares textos do Nei Ching (ou Nei King, se alguém fizer questão...) foram traduzidos por um MÉDICO para o coreano e, depois, para o francês... Pasmem: a cada página do ORIGINAL, ele acrescentava cerca de 5 páginas de sua autoria !!!! Com "tabelinhas de pontos x DOENÇAS" (diagnosticar e/ou tratar "doenças" é monopólio legal da classe médica...) !!!!! Quem ler ATENTAMENTE a versão em francês, percebe quando é texto original (são praticamente poesia e filosofia...) e quando é do MÉDICO. Mas, as traduções em português nem sempre deixam isso claro...
Na PSICOTERAPIA, aconteceu a mesma coisa: quando era um médico que escrevia ou traduzia, se seguirem o que estiver no livro, certamente acabarão acusados de exercício ilegal de medicina... Quando era um psicólogo (observação: tal profissão nem existe em muitos países... na maioria das nações são CONSELHEIROS...) que traduzia, todo o texto fica no jargão da PSICOLOGIA e, como tal, monopólio, pela legislação brasileira, de quem tem CRP - registro no Conselho de Psicologia...
Uma brevíssima história da Psicoterapia....
A Terapia Holística (claro, sem o nome atual...) existe desde o princípio da humanidade, onde a abordagem era prática, empírica e não havia separação entre físico, psíquico, social e universo... Com o advento do poder da igreja católica medieval e, depois, do cientificismo cartesiano, houve a ruptura e passaram a ignorar o psíquico, às vezes, até o social e, com toda certeza, o "cósmico"...
A abordagem psíquica também recebeu muitas contribuições da FILOSOFIA, contudo, quando a sociedade passou a dar valor quase que apenas ao que possa ser reproduzido em experimentos laboratoriais, uma corrente revoltou-se com a visão "mentalista" predominante e criou uma contra-corrente denominada COMPORTAMENTALISMO.
Nesta, que é conhecida como a 1a Força/Corrente da Psicoterapia, deixaram de lado qualquer conceito subjetivo, como mente, inconsciente, missões de vida, etc, etc, e focaram na única coisa que consideraram mensurável em laboratório: o comportamento... Apesar de ter muitos adeptos ainda nos dias de hoje, é uma das escolas mais polêmicas e, até mesmo, "odiadas" por vários teóricos atuais.... A imagem caricata mais usada para ilustrar essa corrente é a do reflexo condicionado de Pavlov, onde um cão é amestrado para salivar cada vez que se toca um sino... Nesta linhagem de psicoterapia, desenvolveram-se vários testes, experimentos com comportamente animal e humano, conforme a premissa cientificista. Já em aplicações de consultório, uma vez o Cliente tendo manifestado um comportamento inadequado, a proposta Comportamentalista é mudar esse comportamento, por meio de várias técnicas, resumidas em aplicar estímulos positivos no Cliente quando ele se comportar do jeito que a sociedade espera dele, e estímulos negativos, em caso de repetição do comportamento inadequado...
Um exemplo caricato: uma pessoa, "de um dia para outro", não consegue mais dirigir seu carro, sofrendo de muito medo e até desconfortos físicos. Para a linha comportamentalista, só interessa que ela volte a dirigir e o quanto antes... Não farão análise do que está ocorrendo no inconsciente da pessoa e, menos ainda, vão se preocupar e abordar se o que ocorre não é por acaso, mas sim, um aviso dela para ela mesma, de que está em desarmonia...
Enquando a 1a Corrente/Força só ficou o mensurável, o observável, ou seja, o comportamento e como alterá-lo, a 2a Força se dedicou ao intangível, ao incorpóreo, ou seja, a PSICANÁLISE busca desvendar o INCONSCIENTE. Inicialmente, Freud, devido à formação médica, supôs encontrar correspondentes físicos, como os cerebrais, os neurônios, o sistema nervoso, mas, felizmente, desistiu desse caminho e desenvolveu todo um esquema teórico/didático capaz de embasar o psicanalista a se propor a lidar com conceitos como ID, Ego, Superego, Inconsciente, Pré-Consciente, Consciente, sistemas de defesa (inadequadamente traduzidos como "mecanismos" de defesa), associações de idéias, fases do desenvolvimento sexual, traumas, ato falho, etc, etc, enfim, uma sequência teórica válida até os dias de hoje...
A caricatura mais divulgada seria a de um Cliente deitado no divã, de costas para o analista e este sem falar nada, quando muito, anotando alguma observação. A esta visão esteriotipada, acrescentasse o componente que não há um objetivo a curto, nem a médio prazo, sendo de longa duração, sem proposta específica. Outro fator criticada é a ênfase quase absoluta de Freud em focar a terapia apenas no "negativo", ou seja, os traumas, problemas emocionais...
Um exemplo caricato: uma pessoa, "de um dia para outro", não consegue mais dirigir seu carro, sofrendo de muito medo e até desconfortos físicos. Para a linha humanista, poderia ser reforçada a autoestima, para que ela se sinta bem, mesmo sem dirigir... Não haveria bem um caminho pré-concebido, nem prazo, já que cada caso é um caso, a conversação é que irá indicar a técnica mais adequada...
Dentro da própria corrente psicanalista, houve inúmeros dissidentes, destacando-se em nosso curso, Jung (que, por sinal, serve de base para a 4a Força da Psicoterapia...) e Reich.
Muitos psicoterapeutas, não mais concordando com o enfoque no "trauma" e no "inconsciente", da Psicanálise e, literalmente, revoltados com a escola Comportamentalista, teorizando que essas são visões "mesquinha"s e parciais do ser humano, fundaram a 3a Força da Psicoterapia: a HUMANISTA. Nesta abordagem, a premissa é a de que o ser humano é essencialmente bom, que não existe comportamento previamente definido como "errado" e que cada caso é um caso, não sendo possível "dissecar a psique em laboratórios"...
A caricatura e esteriótipo desta corrente são os livros de "auto-ajuda", e a tendência a "aprovarem" qualquer comportamento (lembre-se que tanto aprovar, quanto reprovar, é uma forma de JULGAMENTO e, como tal, aumenta ainda mais a resistência à terapia) e de focarem tão somente no presente...
Vários autores desta escola deram ênfase ao ACONSELHAMENTO, com Carl Rogers, mas o expoente deta corrente é Masllow, que desenvolveu várias teorias a facilitar o entendimento dos Clientes, sendo uma das mais conhecidas, a "pirâmide de Masllow", onde ele classifica as necessidades do ser humano para ser feliz. Ironicamente, ele que foi o expoente da Corrente Humanista, considerou-a insuficiente, acrescentando na "pirâmide" a satisfação espiritual, dando origem à 4a Força, a PSICOTERAPIA TRANSPESSOAL...
A caricatura e esteriótipo desta corrente é a de um "maluco beleza" atendendo com incenso, chás suspeitos e mantras...
Como era de se esperar, claro, evidente, que a 4a Corrente é totalmente ignorada pelas faculdades, já que incluiu o "Transcendente", o "espiritual" como mais um tema para a terapia a ser trabalhado... Para o que acham que só é verdade se for "científico" e, como desejos de ir ALÉM, de ser MAIS do que nós mesmos é algo não "mensurável", jamais verão essa linha em faculdades... De certa forma, a Psicoterapia Transpessoal é a mais parecida com a proposta da Terapia Holística, já que busca mesclar o que a de melgor em cada uma das outras correntes e ainda acrescentando muitas técnicas da nossa profissão, tais como vivências, análises de sonhos, regressão, progressão, calatonia...
Um exemplo caricato: uma pessoa, "de um dia para outro", não consegue mais dirigir seu carro, sofrendo de muito medo e até desconfortos físicos. Para a linha transpessoal, poderia serem feitas vivências para o momento em que tudo começou, associações de idéias para buscar origens traumáticas na infância, e, conforme o caso, se houvesse necessidade urgente de dirigir, poderia ser aplicada uma técnica comportamental, mediante o compromisso de continuidade da terapia, independente de voltar a dirigir, já que a proposta é igualmente TRANSCENDENTE: o que o "universo", o que o "eu interior" dela quer passar de ensinamento, com o ocorrido... Não haveria bem um caminho pré-concebido, nem prazo, já que cada caso é um caso, a conversação é que irá indicar a técnica mais adequada.
Henrique Vieira Filho - Terapeuta Holístico - CRT 21001, é autor de diversos livros da profissão, ministra aulas na CEATH - Comunidade de Estudos Avançados em Terapia Holística.
Fonte:https://www.psicanalista.com.br